A ansiedade e eu

Karoline Albuquerque
2 min readMay 31, 2019

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Foto: Pixabay

Há meses não escrevo no meu diário. Olho e não tenho vontade. Escrever é como reviver e não quero pensar no que me faz ter que colocar para fora todos esses pensamentos repetidos que vão e voltam.

Por esses dias, pensei em pegar e colocar umas coisas. Foi meu aniversário, eu estava muito feliz. Planejei ver meus amigos, o que ainda vai acontecer. Queria colocar lá meu novo estado de espírito.

Faz pouco mais de três semanas que comecei o tratamento com medicamento para a ansiedade. Os primeiros dias foram horríveis, de náusea e insônia. Passou. Os dias melhoraram e eu sentia a melhora em mim.

Nada de crise, boas noites de sono, descanso e até algum ânimo. Então, acabou a caixa da amostra dada pelo psiquiatra e comprei o genérico, porque dinheiro não dá em árvore e o original custava o dobro do preço.

Geralmente, confio muito na medicação genérica. Pode ser que isso seja coisa da minha cabeça, mas a insônia voltou. O enjoo às vezes dá o ar da graça, mas esse eu consigo controlar.

Fazia tempo que não sentia isso. Nem gosto de expor. Mas eu preciso escrever agora. E digitar é mais rápido e indolor. As mãos tremem, a taquicardia diz “to aqui”, a respiração pesa e os olhos enchem de lágrimas. Crise.

Eu sinto vontade de gritar. Talvez chorar um pouco. Principalmente gritar. Pedir que me deixe em paz. Que saia de mim. Eu não quero ter que passar isso hoje. Não agora. Maio já está no final.

Pensei que “será que foi o tanto de refrigerante de cola que tomei hoje?”, porque com certeza foi mais que meio litro. E agora estou jurando a mim mesma que vou voltar à minha meta de cortar isso durante a semana.

Coloquei minha playlist Felizinha. São as música que me levam para meu lugar feliz. Um dos meus lugares feliz. Esse é bem animado. Nele eu danço do meu jeito, bem feio, mas esvaziando toda a cabeça.

Eu preciso retomar o controle do que acontece aqui dentro. Porque eu sei, até já escrevi, que não é a primeira vez, nem a última, que vou sentir isso. Mas em todas elas, a garantia: vai passar.

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Karoline Albuquerque
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Written by Karoline Albuquerque

Queria ser astronauta, mas sou jornalista.

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