A quinta-feira de uma mulher

Karoline Albuquerque
2 min readMay 31, 2019

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Foto: Reprodução/Twitter @equipedefrance

Bom, ontem eu estava em casa preparando um projeto pessoal muito importante na sala. Mas hoje meus pais chegaram e falaram que preciso fazer isso na casa da vizinha, porque o meu irmão vai precisar fazer uns trabalhos próprios dele na mesa que eu estava usando. A atividade dele é bem mais simples e rápida e, mesmo que existam outras mesas em casa, preciso deixar todo o espaço para ele.

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Isso é mais ou menos o que aconteceu com a seleção feminina da França. Às vésperas da Copa do Mundo em casa, as jogadoras precisaram deixar o centro de treinamento de Clairefontaine para que a seleção masculina se prepare para um amistoso. Isso mesmo. Um amistoso. Fica mais claro escrever amistoso em letras maiúsculas?

Eles vão jogar contra a Bolívia em uma partida que de nada vale. Elas vão em busca do seu primeiro título Mundial, ainda mais como anfitriãs. Título este que apenas quatro seleções já conseguiram: Estados Unidos (tricampeão), Alemanha (bicampeão), Noruega e Japão.

Primeiro, o técnico deles Didier Deschamps disse que era só momentâneo, “só até o dia 6”, depois elas voltam… A comandante delas Corinne Diacre minimizou, dizendo que a preferência era sempre deles e que tudo bem, pois no puxadinho (não necessariamente com essas palavras) há qualidade para a preparação das mulheres.

Só que não foi só isso. Segundo o jornal Le Parisien, a Federação Francesa pediu à Fifa que a seleção feminina ficasse no CT durante a Copa do Mundo. Mas, a entidade máxima do futebol nacional negou, dizendo que isso daria vantagens às anfitriãs em relação às outras competidoras.

Ora, ora, ora! Pelo que bem lembro, na Copa do Mundo Brasil 2014, a seleção brasileira (masculina) utilizou a Granja Comary, em Teresópolis, independentemente de onde estavam os adversários. E tomou 7x1, se eras tão vantagem, diga-se.

Sendo assim, essa decisão demonstra apenas uma coisa. O machismo nosso de cada. Ou só mais uma quinta-feira na vida de uma mulher.

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Karoline Albuquerque
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Written by Karoline Albuquerque

Queria ser astronauta, mas sou jornalista.

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