Alien-vampiro-possessor

Karoline Albuquerque
3 min readApr 25, 2020

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Photo by Edvin Richardson from Pexels

Voltava mais uma vez de Porto Alegre, mas no caminho para o Recife, tinha que descer em São Paulo. Precisava comparecer a um evento. Com o voo tão cedo, cheguei ainda durante a madrugada no Aeroporto Salgado Filho e o cansaço era a minha companhia.

Nem vi o avião decolar. Também não vi o pouso. Tentava acordar, mas era como se algo me prendesse à cadeira e ninguém me ajudou a sair. Fiquei na aeronave tomada pelo sono e pela ausência de forças. Sabia que havia algo errado e que precisava chegar ao evento. Mas foi inútil. Como ninguém me tirou dali?

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Felizmente, o próximo destino daquele avião era minha casa. Do Aeroporto Internacional dos Guararapes, segui para o trabalho, em Olinda. Fazia um bonito pôr do sol, deixando o céu em tons de laranja e avermelhados. Por isso, subi com minha equipe para o terraço do prédio.

Não demorou, porém, para que ouvíssemos um estrondo. O barulho vinha do céu, do lado da praia, mas não era trovão ou raio. Parecia um tipo de transporte. Coisa de filme. Relutei a acreditar. Isso não acontece na vida real. É coisa de Hollywood.

Logo, começaram as hostilidades. Era difícil entender como tudo acontecia. As pessoa corriam, gritavam, os carros aceleravam para sair da avenida e o pânico foi instaurado em poucos minutos. O grande problema é que não víamos nada. Apenas sentíamos.

Pouco a pouco, nossos companheiros mudavam de lado. Como se possuídos por espíritos obsessores, através de simples contatos com nossos algozes parasitas. Tentei descer do prédio com a minha equipe, mas foi inútil. Fomos encurralados por uma horda de gente. Gente não, hospedeiros.

Subi de volta correndo, mas perdemos pessoal. O grande problema é que seríamos encurralados no telhado. O desespero tomava conta, até que o resgate chegou em forma de helicóptero. Minha melhor amiga pilotava o pássaro metálico para nos tirar de lá.

Foi quando ela pediu minha ajuda. Iríamos emboscar os visitantes non gratae na Ponte do Janga. Era o local ideal. Minha amiga, digamos, era diferente. Podia fazer coisas que eu e pessoas comuns não conseguimos. Ela tinha a equipe e a estratégia para sairmos dessa.

Minha tarefa não seria das mais fáceis. Eu era a isca. Afinal, tentaram me pegar antes sem sucesso. Eu estava “mapeada”. Conseguimos chegar ao local combinado e encontrar uma grande equipe. Os parasitas não tardaram a comparecer também.

Postadas no meio da ponte, perto lateral que dava ao mar e alguns arbustos do mangue, éramos presas bem visíveis. Bom, eu era a presa. Aquele recém-formado clã logo nos avistou, mas corriam para o lado errado. Como se com um sonar defeituoso. A ideia da minha amiga foi aterrorizante.

Ela puxou um canivete da cintura e fez um corte na minha perna. Não sei nem como explicar a dor. Bom, nunca leve uma facada, é o meu conselho. O sangue jorrava, atraindo os visitantes de além-mundo. Um deles chegou muito perto. Era hora dela agir.

Puxando-me com um braço para me esconder no mato, ela usou a outra mão para afastar aquele mais perto de nós. Foi como uma forte rajada de vento deixando a palma dela e ganhando força até atingir o inimigo à frente. Ele tombou, derrubando o que vinha mais atrás e provocando um efeito dominó.

Em meio à dor e ao pânico, acordei…

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Karoline Albuquerque
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Written by Karoline Albuquerque

Queria ser astronauta, mas sou jornalista.

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