Metas ao longo de uma vida antes dos 30

Karoline Albuquerque
3 min readDec 9, 2021

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“Coisas a fazer antes de…” (Foto de Suzy Hazelwood no Pexels)

Sempre coloquei metas irreais na minha vida, as quais nunca, ou quase nunca, cumpri. Aos 7 anos tomei a decisão de que só cresceria até os 12. Não entendia como tantas crianças queriam ser adolescentes, que eu achava um porre, ou adultas, que precisavam trabalhar e não tinham tempo de brincar de boneca ou ver televisão.

Foi realmente lamentável fazer 13 anos.

Nas férias antes de entrar na 8ª série, decidi que aquele seria o ano em que eu daria o meu primeiro beijo, o famoso “perder o BV”. Tinha um amigo que eu gostava desde a 6ª série e seria ele.

Naquele ano, ele se assumiu gay.

Então, como eu tinha muita vergonha da ideia de apresentar um namorado em casa, aceitei que eu só teria um aos 18 anos, com confiança o suficiente para não tremer só em pensar de apresentar um rapaz para os meus pais. Então, quando eu acabasse a faculdade, eu e ele nos casaríamos. Os filhos começariam a vir dois ou três anos depois, pois não queria ter quase 30, como a minha mãe, quando nascesse o primeiro.

E, não, eu não arrumei um namorado aos 18 anos. De fato, eu só perdi o BV quando cheguei depois da idade da meta de casar.

Ainda na faculdade, eu queria porque queria conseguir logo um emprego. Sair com o diploma em uma mão e a CLT assinada em outra.

O diploma veio. A carteira assinada precisou esperar.

Por ali, eu já tinha começado a escrever diversas histórias de ficção. Precisava concluir uma até os 25 anos e publicar até os 30.

Digamos que, como diz Sandy, tenho sonhos adolescentes, mas as costas doem (de verdade, já precisei ir diversas vezes à emergência por isso). E o livro não foi concluído.

Tem também meu diário novo, um roxo de couro italiano que eu movi céus e terras pra conseguir. Eu deveria terminar o anterior até o fim da pandemia, mas eu simplesmente não aguento mais escrever à mão e achei melhor tirar o prazo disso.

Por isso, durante meus anos de acompanhamento psicológico com uma terapeuta muito boa, passo a traçar metas mais reais.

Infelizmente, não tenho escolha a não ser envelhecer, mas também não desejo a imortalidade física (só a da minha obra, graças ao ego que inflei naquele sofá enquanto tomava sertralina). Casamento? Tomara que sim. Não gosto de ficar sozinha. Filhos? Talvez. Deve ser legal, mas eles não dormem durante dois anos seguidos e eu amo dormir. É preciso ponderar.

E o livro? Bom, aquela ficção com fim mirabolante vai demorar. A história existe em grandes pedaços na minha cabeça. Mas daí a digitar existe um longo caminho de procrastinação.

Eu inventei essa palavra, sabia? Ou ela foi inventada para mim. Uma das duas coisas. Tudo me distrai e eu sempre estou muito cansada para abrir o arquivo. E quando abro não sei mais o que escrever. Um eterno loop.

A decisão mais sensata que tomei foi a de juntar minhas crônicas e publicá-las de maneira independente. E vai rolar antes dos 30.

Depois, só vai faltar plantar uma árvore. E ter um filho. Talvez…

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