Tudo tem uma primeira vez
Dizem que para tudo na vida há uma primeira vez. Ontem eu fui demitida pela primeira vez. Não só demitida. Chegou minha vez em um passaralho. Depois de presenciar alguns e ficar, foi minha vez de ir embora.
O luto dessa despedida, mais uma que encaro esse ano, ainda não parece real. É acordar e perceber que não foi um sonho ruim. Aconteceu de verdade. Antes do que eu imaginava.
Levantar e não saber o que vou fazer no meu dia. Não é uma folga. Não são férias. É tudo confuso demais. Completamente diferente das vezes anteriores em que me despedi do local em que trabalhava há quase oito anos.
O fim do estágio me deixou aos prantos. Mas eu sabia quando aconteceria. Encerrar cada prestação de serviço me desesperava, por não saber se teria no próximo mês. Mas eu também sabia a data.
Agora, surge um torpor. Não há dúvida. Afinal, não existem opções. Também não tenho sensação de dever cumprido. Eu tinha mais a fazer. Mais a dizer, mais a compartilhar, mais a contar.
Do mesmo jeito que sei que usei o espaço que tive para o que eu acredito. Sem nunca recuar, me ajustando entre demandas para externar. Batendo o pé pelo que era certo, sem medo. Sem receio.
E é sem medo e receio que tento lembrar do que me move: tudo acontece por uma razão. Essa primeira vez tem uma razão aberta, conhecida. Mas tem também o motivo que eu ainda vou descobrir.